Haverá Vida para lá da Vida?

Num momento da minha vida em que tudo se questiona e nada do que era continua a ser, surge este espaço no qual tenciono partilhar com quem por aqui passar um pouco das minhas duvidas, dos meus pensamentos e ideias, esperando que os vossos comentários me ajudem a reencontrar o meu caminho e que os meus pensamentos vos ajudem no vosso... Espero vêr-vos por aqui, neste limbo virtual da vida...

3.11.04

a natureza dos sonhos (parte I)

Cresce-se lentamente, os sonhos, regados diariamente por mão meiga, de pai, mãe ou avós. . . desenvolvem em nós a ilusão.
Um dia –talvez durante uma das muitas crises de adolescência - descobre-se que afinal, o mundo não decorre em nosso redor: nós não somos os mais importantes, os mais bonitos ou os mais inteligentes. Nós não somos a personagem principal da história, a do final feliz que derrota os maus, casa com a donzela e, no meio de riqueza e fausto, vive feliz para sempre. Nós somos as figuras secundárias, os figurantes, aqueles por quem a caneta não chega a traçar uma linha ou a câmara não apanha sequer num plano esbatido. E descobre-se que o mundo é todo feito de personagens secundárias que dão cor a uma qualquer história que, talvez, não tenha sequer personagens principais – as tais às quais, mesmo após um ou dois percalços, corre tudo bem. E descobre-se que os tais sonhos, os regados pelos pais, já o não são mais. Chegou a altura de os trocar por um horário das 09h às 18h, igual ao dos pais, os quais nos mantiveram na ilusão de um mundo que nunca existira, nem para eles.
E descobre-se que não se consegue viver sem os tais sonhos. Mas agora, somos nós quem tem de segurar no regador. . . mas ele é tão pesado. . . os pais eram tão grandes . . . com a mesma facilidade com que pegavam em nós com uma mão e no nosso irmão com a outra, fazendo os nossos cabelos voar num corrupio mágico, com essa mesma facilidade davam água aos nossos sonhos.
Agora os pais já não vêm o tal regador. E este cresceu tanto, ou a água não é água mas areia, tão pesado. . .
E quando tentamos regar o rebento, a areia destroi-o sufoca-o em pó, mata-o com o seu peso. Ou então é a nossa falta de jeito que deixa cair o objecto em peso em cima do vaso. ou então, somos nós quem se esquece do pequeno rebento e o deixa minguar, secar, apodrecer.
Talvez um dia, daí a muitos anos, enquanto se explora o sotão das recordações se encontre um vaso pequeno e velho, mesmo escaqueirado. E não nos lembramos para que é que aquilo serviu e deitamos fora, juntamente com todo o lixo que deixámos acumular com o passar das décadas.
Os sonhos podem, de facto, ser vistos como flores.

7 Comments:

Blogger Conceição Paulino said...

Uma bela metáfora k prova k continuas a ser capaz de regar os teus sonhos e de os embalar como belas e raras prendas.
Dizes k: "somos todos figuras secundárias". Certíssimo! Mas a história, aquela que importa, smp foi feita/sustentada pelas figuras secundárias - as outras, as k estão na ribalta estão lá pq lá as pomos, as alimentamos, as iluminamos c/ fortes projectores.Têm pés de barro esboroado k teimamos em fortalecer.
"N/ somos os mais bonitos, os mais importantes, os mais inteligentes...." Talvez! Mas para os k nos amam c/ um amor verdadeiro somos e sê-lo-emos smp.
Bjs doces aos molhinhos para ires desfolhando pq no meu jardim nunca morrem, nem fenecem. São bem regados ;)

1:27 da manhã  
Blogger Conceição Paulino said...

Esqueci de dizer 1a coisa qnt às.... "figuras Principais..."...Temos agora algumas na Quintas das CELEBRIDADES!
É um bom exºda qualidae destes principais dos tempos modernos...Vade retro!!!!!!

1:52 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Belo texto "A NATUREZA DOS SONHOS". Gostei e fico a espera da segunda parte. PARABENS


António

1:00 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Viva, Lexis! Cheguei aqui pelo blog da mana ;) e gostei imenso de te ler! De certa forma concordo com a TMara... os sonhos somos nós que os pintamos e mostras que continuas a pintar os teus. Por vezes é uma tarefa árdua e achamos que o tal regador é pesado.. cabe-bos a nós descobrirmos a melhor forma de o usarmos.
O texto está excelente! Espero ansiosamente por mais. :)
bjs, Sofia
http://blog.sofiamorgado.net

5:00 da tarde  
Blogger Clio said...

Pedro - bem, não é minha ideia estar a lêr a tua cabeça mas acho que é cada vez mais comum as pessoas terem percepções semelhantes do mundo (aldeia global e tudo mais...). Espero que te continues a identificar com o que escrevo e a passar por aqui

2:49 da tarde  
Blogger Clio said...

António - muito obrigada! Espero continuar a deixar boa impressão...

2:51 da tarde  
Blogger Clio said...

Sofia - é, de facto acho que deixassemos de sonhar não teriamos condições para continuar a viver... Este foi só um dos meus sonhos (há sonhar a dormir e sonhar acordado!)

2:52 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home

Free Hit Counters
Shoes